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terça-feira, 10 de novembro de 2009

Aprender a ler e escrever além das letras

Saiu na Revista Pátio, na seção Conteúdo Exclusivo, em janeiro de 2008, artigo da Eloiza Schumacher Corrêa onde ela propõe “ exercício de compreender a escrita como linguagem e refletir sobre os desdobramentos decorrentes dessa compreensão na prática pedagógica”.
Gostei muito do que li e postei aqui alguns trechos.

“(...) Pensar sobre qualquer linguagem (oral, corporal, gestual, midiática, gráfica, plástica, musical, escrita, fotográfica, gustativa, tátil, etc.) leva a pensar no desenvolvimento da expressividade, entendida aqui como a capacidade do sujeito de se fazer entender e entender o outro através de um sistema de signos. Assim, a primeira condição para o desenvolvimento da expressividade é estar em interação com os outros. Embora essa constatação pareça óbvia, nem sempre é colocada em prática no cotidiano das escolas. Diria até mais do que isso: nem sempre é vinculada ao ensino da escrita.

“(...) Para ampliar as possibilidades de expressão das crianças, é preciso compreender cada representação/produção como ato comunicativo (e, por isso, passível de ser socializado, lido e entendido pelo outro) e oferecer ferramentas para potencializar essa comunicabilidade. Nesse caso, torna-se possível transformar a sala de aula em um ambiente comunicativo (seja na relação entre a criança e seu grupo, entre a criança e o professor, entre grupo e família, entre grupos, entre grupo e instituição). Ou seja, conceber que tudo o que é produzido, na sala ou fora dela, tem uma mensagem a ser entendida, e não somente uma letra, palavra ou sílaba para ser identificada.

“(...) Quando, por exemplo, solicita-se às crianças que utilizem revistas na sala de aula, comumente os professores pedem que procurem palavras com tal letra, que recortem palavras que comecem igual ao seu nome ou que tenham tal sílaba, enfim, propostas reféns da aquisição do código, cujas habilidades requeridas são basicamente perceptivas e motoras. Transcender isso significa pensar na funcionalidade da revista na vida cotidiana: não lemos revistas para procurar letras ou palavras, mas sim para nos informar, nos divertir, nos distrair, saber o modo de fazer algo ou até mesmo descobrir uma fofoca. Porém, a escola age como se todos esses aspectos não fossem importantes.

“(...) Contudo, não basta apenas solicitar às crianças que desenhem, pintem, colem, façam esculturas para depois guardar as produções na pasta ou deixá-las expostas na parede para exibir aos pais. Mais do que isso, é preciso criar meios para refinar suas habilidades de comunicação, encorajando-as a explicar o que queriam dizer ou por que fizeram aqueles trabalhos, estimulando-as a pensar em títulos e comentários esclarecedores, explorando as possibilidades do dizer, a busca de recursos para expressar o que se quer, seja através do destaque e da transformação de traços, da inclusão de detalhes, da socialização de modelos, da oferta de novos materiais, do ensino de novas técnicas. Ou seja, é fundamental fazer a turma esforçar-se para entender e ser entendida, o que só vai ocorrer se suas produções forem expostas ao olhar do outro e colocadas para a apreciação e a discussão coletivas.

2 comentários:

  1. Estou muito orgulhosa!!!! Parabéns!!!!
    Agora, eu entendo que estudo continuado seja colocar em função aquilo que aprendemos em livros, internet... ou seja, é dar dinâmica ao qué é estático, como profissional da área de saúde e atuante na área de capacitação para agentes de saúde no Programa de Saúde da Família digo que esse blog também se aplica a minha área, somente através da educação na saúde e que conseguimos desenvolver a mudança no olhar das agentes de saúde e conceituar saúde não só como curativa e sim como o restabelecimento do bem estar físico, psiquico e social inserindo esse cidadão na sua comunidade com as menores chances de sequelas, sejam elas de que ordem forem.
    Concluindo, estarei sempre acompanhando as novidades para melhorar os meus projetos!!!

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  2. Acredito que a diferença esta em cada um de nós professores. Sinto que cada dia sou uma pessoa em sala de aula e percebo isso quando faço as anotações no caderno. Vejo que deparo-me com situações novas todos os dias que me propõe um novo olhar para cada uma. Portanto, todos os dias novos desafios e novos aprendizados. Mas, isso é claro, se estivermos abertos para o novo que a todo momento surge. Então, é preciso cada dia, antes de tudo se descobrir a si próprio para poder descobrir o outro que esta ali a minha frente.

    Bjokas mil

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